Mágico, sofrido, eletrizante, revigorante, justo, de lavar a alma… Escolha você, amigo Cruzeirense, que sobreviveu ao verdadeiro teste cardíaco desta quarta feira, o adjetivo perfeito para este jogo. Escrevi no post anterior que não esperava um jogo fácil, mas nem de longe imaginava tamanho sofrimento contra o modesto Sto. André.
O primeiro tempo foi jogo de um time só. O Cruzeiro massacrava o time Andreense mas esbarrava na falta de mira dos homens de frente, em especial do Guerrón. As tantas, uma bola na trave do Gilberto quase enfartou a galera que abarrotu a Sampa Azul para este jogo.
O segundo tempo também começou nesta toada. Mais bolas na trave, mais lances perigosos, mais investidas do Cruzeiro. Um arremate do Fabrício virou grito de gol no bar, mas segundos depois da euforia percebemos que a bola – de fato – não havia entrado.
Nas mesas da Sampa Azul, amigos antigos que voltaram ao Q.G. se somavam aos novos torcedores que conheciam a casa pela primeira vez e aos fiéis cruzeirenses que nunca largaram o time, mesmo na época que roíamos o osso das últimas posições. Todos em uma corrente para frente e com muita confiança.
Até que o mesmo Guerrón que matava a todos de raiva marcou um golzinho sofrido, suado, que teimou em entrar devagarinho. Pronto, havia saido o primeiro 0 do placar.
Pena que poucos minutos depois, o time de Sto. André empatava o jogo com um belo gol do atacante Nunes. E lances depois virava a partida, em um chute colocado no canto do goleiro Fábio. O Sto. André havia feito em 2 lances isolados o que o Cruzeiro não tinha conseguido em muitas investidas ao ataque.
Havia tempo. E também havia Gilberto em campo. Com uma visao de jogo exclusiva daqueles jogadores acima da media, teleguiou uma bola na cabeça do jovem Eliandro, que entrou no lugar do Guerrón e marcou o gol de empate do Cruzeiro.
Pela primeira vez, o grito que ouvi depois de um gol não foi de vibração, mas sim um de “volta, volta”… A torcida, assim como os jogadores reservas do Cruzeiro gritavam para o garoto voltar ao campo e parar de comemorar aquele que era o primeiro gol de sua carreira como profissional. Olhando agora, com a cabeça mais fria, foi até um pouco de maldade com o menino.
Ainda havia tempo. E se Gilberto deixava o campo, cansado, a fé nunca deixou de existir. Era como se fosse uma profecia. E lá para as tantas dos acrescimos, jogada individual de Jonathan com um cruzamento na medida para a cabeça do Thiago Ribeiro… Um gol mágico do Cruzeiro.
Daí para frente, não me lembro de mais nada. Todos na Sampa Azul se abraçavam, gritavam, explodiam em uma alegrida única, inexplicável para quem não estava conosco naquele momento. Só quem tem um coração cruzeirense (que sobreviveu a este rigoroso teste) é capaz de entender tamanha emoção.
Resultado final, um 3×2 que nos deixa mais vivos do que nunca para a Libertadores 2010, embora, hoje, não exista cruzeirense no planeta que não acretide no título depois de uma partida mágica como essa.
Tal qual nos tempos da Libertadores, acordamos os vizinhos do Minas Tutu com nossa vibração e cantoria. Como foi bom!
Se o caneco vai ser nosso, realmente eu não sei. Mas o que ninguém tira da gente é este orgulho de torcer para o time da camisa estrelada. Se antes eu já era um privilegiado por ser um torcedor do Cruzeiro, hoje sou ainda mais por poder dividir isso com os amigos que estão fazendo desta cinza São Paulo, uma capital cada vez mais azul e estrelada.
Não posso acabar este texto de uma forma diferente, se não dizendo obrigado a todos que compareceram mais uma vez, e compartilhando com vocês as fotos e os videos deste momento tão especial.
Um abraço vencedor para cada um de vocês.