“É Campeão! É Campeão! É Campeão!”
Este foi o grito que ecoou na av. Brigadeiro no começo da noite deste domingo. Com o placar de 2×0 sobre o rival, o Cruzeiro reverte a vantagem e levanta o caneco que lavou a alma da torcida Cruzeirense.
O jogo.
Nunca fui muito de comemorar Campeonato Mineiro. Talvez por ser paulista, ou por ter me acostumado a ver o Cruzeiro conquistar tanta coisa mais importante, os campeonatos mineiros nunca me emocionaram muito. Mas hoje foi diferente.
Hoje, não estava em jogo só mais um campeonato mineiro. Estava em jogo a moral de um ótimo time que, após a eliminação da Libertadores, andava de cabeça meio baixa. Era o jogo da ‘volta por cima’, para superar qualquer tipo de desconfiança da nossa torcida. Ao mesmo tempo, era a oportunidade perfeita para calar torcedores ‘parasitas’, aqueles sem time para torcer e que só comemoram algo quando a gente perde alguma coisa.
Antes da partida, um ‘Parabéns para você’ para a nossa amiga Babi animou a galera no QG. Era a primeira festa do dia e, em meio a muita expectativa, rodeados por uma multidão azul e branco que tomou a Sampa Azul hoje, teve início o primeiro tempo do jogo.
Com a bola no pé, o primeiro tempo foi predominantemente azul, mas faltaram lances agudos, faltava aquele detalhe a mais para tirar o primeiro zero do placar. Nos contra-ataques, o time do Atlético de Minas também era perigoso.
As melhores chances do Cruzeiro aconteceram em duas falhas do adversário. A primeira, aos 22, Róger de carrinho quase fez o primeiro gol da partida, mas pegou mal um cruzamento de Marquinhos Paraná. Aos 31, saída errada do goleiro atleticano e a bola sobrou para Wallyson que desperdiçou a chance cruzando uma bola que era para ser arrematada para o gol.
Embora tenha jogado melhor e buscado mais o gol, o primeiro tempo acabou mesmo em 0x0.
No intervalo, chovia muito em São Paulo. Mas a galera que compareceu no QG fez das águas um combustível para muita animação e cantoria para a tradicional ‘foto do intervalo’. E a corrente positiva fez a diferença.
O segundo tempo começou…
E com ele a tensão também. Ninguém ali acreditava que o time com o melhor ataque do campeonato não conseguiria marcar um golzinho sequer no adversário. Mas a partida seguiu dura. O Cruzeiro ia para cima do jeito que dava, e o Atlético se defendia muito bem, recuado e aproveitando os contra-ataques. Aos 11 minutos, Roger recebeu um passe na entrada da área e chutou uma bola que passou caprichosamente pelo canto direito do goleiro Renan.
Precisando do resultado, Cuca sacou o Éverton e colocou o André Dias, mas 3 atacantes em campo o Cruzeiro diminuiu o ritmo e viu o Atlético crescer no jogo com seus contra-ataques.
O time parecia exausto, cansado e sentia o peso do mundo nas costas. Libertadores, derrota no primeiro jogo, desconfiança… Momento que culminou aos 29 minutos em uma bola chutada para frente, Magno Alves recebeu um passe totalmente livre e cara a cara com o Fábio. Ele podia ter feito o que quisesse e ter marcado um gol terrível para as pretensões Cruzeirenses.
Mas o Cruzeiro tem no gol simplesmente o melhor goleiro do Brasil e, mais uma vez, Fábio operou um verdadeiro milagre se jogando na bola e retirando a mesma dos pés do atacante atleticano. Parecia aquele momento dos filmes em que o mocinho sofre, sofre e sofre antes da reação final. E por sorte foi mesmo assim que as coisas aconteceram.
No lance seguinte, jogada pelo flanco esquerdo do campo. O Atlético estava fechadinho, todo mundo marcado e a bola chegou nos pés de Wallyson. Ele pegou a bola, passou por dois marcadores, encontrou um espacinho de nada na zaga adversária e mandou um chute no cantinho esquerdo do gol para fazer Cruzeiro 1×0 Atlético.
A Sampa Azul explodiu em emoção. Literalmente! Em meio aos gritos, muita vibração, copos saíram voando pela rua e gente tomou banho de cerveja. A partir daí era impossível ficar sentado.
Em peso, a torcida ficou de pé no QG, marcando junto com o time cada jogada do adversário. Já não havia mais unha para roer. Assistir ao jogo era um verdadeiro teste para cardíacos.
Foi então que, talvez para preservar o coração dos cruzeirenses, o sinal do PFC caiu. Depois do grito de gol, a multidão que estava na Sampa Azul ficou sem ver o desenrolar da partida. Tudo o que tínhamos eram uma ou duas pessoas ouvindo o jogo pela internet, pelo iPhone e narrando para a galera.
E eu que há muito tempo não via um gol de falta do Cruzeiro, não pude ver novamente. Em meio a muita gritaria e tensão ouvimos “Alguém do Atlético foi expulso”… E no meio da gritaria pela expulsão do adversário, ouvimos um “foi gol do Gilberto, foi gol do Gilberto!”. Parte da galera vibrou, enquanto a outra metade tentava confirmar o gol pelos celulares e ligando para os amigos.
Aos 44 do segundo tempo, a imagem voltou. E alí, no cantinho do placar constava Cruzeiro 2×0 Atlético. Aí sim a vibração foi geral.
Ainda de pé e cantando muito, a torcida jogava junto com o time e torcia pelo final do jogo. Era muita emoção, era a volta por cima, era o jogo da superação… Faltava esta vitória para gente.
E depois de 48 minutos e pouquinho, o Cruzeiro que já havia ganho do Atlético com muitos gols, com poucos, no Brasil, no exterior e só com torcida deles, completava o seu álbum de vitórias com um triunfo em frente a nossa torcida… O mais importante de 2011, a vitória do seu 36º título mineiro.
E fica o dia de hoje registrado como o dia em que este time de guerreiros lavou a alma do seu torcedor. Lavou só não… Lavou, secou, passou e engomou, deixando nossa alma prontinha para os novos desafios que estão por vir ainda em 2011.
Fica hoje registrado como o primeiro título que assistimos juntos na Sampa Azul!
O Wallyson mostrou ter estrela, o Leandro Guerreiro fez a melhor partida com a camisa do Cruzeiro, o Fábio fechou o gol e fez seus milagres de sempre e o Gilberto correu muito, jogou muito e foi premiado com o gol do título… Que luta!
Parabéns Cruzeiro!
Esta conquista foi mais do que merecida. E não há muito mais que eu possa ou queira dizer aqui. Deixo vocês com a única coisa que vale a pena escrever e gritar no dia de hoje…
É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO! É CAMPEÃO! É CAMPEÃO!