Depois de um jogo muito bacana contra o Corinhtians no final de semana passada, poderíamos ter acabado esta semana bem posicionados no G4. Mas acabo preocupado com o Z4.
Mas falta elenco, faltam peças e também faltou vontade. Principalmente no jogo contra o Atlético – GO, no meio de semana. Hoje, faltou organização e mais jogadores dignos de vestir a camisa do Cruzeiro. Resultado: perdemos a segunda partida seguida.
Pré-derrotados.
Meus caros amigos, confesso para vocês que foi difícil escrever este texto. Isso porque, apaixonado que sou pelo Cruzeiro, gosto de expor minhas idéias e sentimentos com paixão, o mesmo sentimento que me acompanha desde criança e me motiva a torcer pela raposa.
Mas ultimamente, em especial nos dois últimos jogos, o desgosto pela atual situação de nosso clube tem feito com que eu não encontre inspiração nem motivação para relatar as partidas.
Perdemos os dois últimos jogos, mas isso não significa nada em comparação a algo ainda mais valioso que estamos perdendo: nossa identidade.
Já escrevi aqui em outras ocasiões, mas vale a pena repetir. Cresci entendendo futebol nos anos 90. Assisti ao Cruzeiro vencer campeonatos por 15 anos seguidos. Neste meio tempo, montamos grandes times, tivemos grandes jogadores, conquistamos muitas coisas.
Mas depois de 2003, aquele time sempre forte foi desaparecendo aos poucos. Nós que nos acostumamos a ver o Cruzeiro ‘roubar’ grandes astros do eixo Rio/SP, passamos a viver de ‘restos’ e apostas. E nisso lá se vão 8 anos sem nenhuma conquista importante.
Como disse, houve um tempo em que competíamos com o eixo do mal pelos jogadores e ganhávamos, depois passamos a encarar a manutenção do elenco como ‘reforço’. Mas hoje, nem isso temos o privilégio de acompanhar. Na situação atual, assistimos ao nosso time perder jogadores para adversários aqui mesmo do Brasil. Kléber, Henrique e Jonathan são exemplos recentes dessa aberração pela qual passamos atualmente.
Alguns ‘conformados’ podem até alegar que fomos vice-campeões da Libertadores e do Brasileiro em um passado recente. Mas a estes eu digo: não sou torcedor de ‘vices’, sou torcedor do Cruzeiro. E torcedor de verdade sabe que tanto a libertadores, quanto o brasileiro de 2010 nos escaparam por um motivo bem simples: nos faltaram jogadores chaves para sermos campeões.
Ah, estes malditos ‘detalhes’. Ninguém me tira da cabeça que se tivéssemos um camisa 9 de verdade ano passado, o caneco do Brasileirão estaria hoje na Toca. Bem como na Libertadores de 2009 nos faltou um lateral esquerdo. E a cada ano que passa, o defeito parece piorar. Hoje não temos o camisa 9, tão pouco lateral esquerdo e a grande novidade é a falta também de um lateral direito (Começamos o ano com Jonathan e Rômulo e NENHUM DELES está mais na Toca).
Outros ‘conformados’ compraram a alcunha de mendigos que nossa diretoria nos vende, de que estamos sem dinheiro e por isso não temos recursos para contratar grandes nomes. Mas o que vemos são constantes gastos com jogadores meia boca, sem identidade com o clube e sem a menor condição de jogar com a camisa do Cruzeiro. Praticamente hospedes em uma colônia de férias de alto padrão.
Farias, Brandão, Reis, André Dias. Isso só para citar 4 cidadãos que começaram o ano em nosso elenco e que tenho certeza de que NENHUM torcedor do Cruzeiro conhecia.
Desculpem, ‘conformados’. Mas estou acostumado com o tempo em que qualquer jogador tinha que provar algo para vestir a camisa do Cruzeiro, e não jogar no Cruzeiro para provar seu futebol. Vestir a camisa azul estrelada é um mérito, uma conquista, um privilégio para poucos e bons. Mas o que temos visto é nosso time virar um verdadeiro vestibular para prováveis talentos. E daqueles vestibulares bem fuleiros, onde basta ter um RG e ser alfabetizado para se matricular.
E nessa busca desenfreada por novos ‘Ramires’, como se toda aposta desconhecida fosse vingar, estamos também matando nossa base. Sim, pois a ‘aposta’ deveria ser promover a nossa base e investir a maior parte do dinheiro em jogadores de peso que ajudariam estes garotos a brilhar. Mas no lugar disso, viramos um time prostituto para investidores que alugam nossa camisa para promover suas apostas, tudo isso pela bagatela de 30% de esmola para o clube ‘barriga de aluguel’.
Aliás, o lucro passou a ser nossa motivação. Títulos, conquistas… tudo isso fica em segundo plano se comparados com o ‘balancete’ do clube. Torcemos para uma instituição financeira que, perdida, parece não ter aprendido que o modelo de gestão baseado exclusivamente na venda de jogadores está ultrapassado.
Solução para isso? A resposta talvez esteja nos braços da torcida, mas a nossa diretoria parece não perceber que a força da nação azul é muito maior que o limite de Belo Horizonte. Nossa torcida não cabe em BH, ela é nacional como também deveria ser nossas ações de marketing. É uma pena assistir a projetos como a “Confraria Celeste” desaparecerem com o término do período de eleições.
Infelizmente, estamos órfãos da ousadia que sempre nos diferenciou. E o pior é que parte da torcida já está no caminho do conformismo, acreditando que jogadores esforçados como Wallyson ou Marcelo Moreno tem futebol para serem titulares inconstestes do Cruzeiro. No Cruzeiro com Deivid, ou Marcelo Ramos, ou Ronaldinho, estes esforçados esquentariam um bom banco de reservas facilmente. (Sim, conformados… este é o meu parâmetro de comparação).
Me desculpem o desabafo… mas eu não me conformo. Não consigo engolir com naturalidade esse processo de ‘apequenamento’ que estamos vivendo. Estou de saco cheio do ‘quase’ ou do ‘vice’. Não me conformo com torcedores celestes torcendo pela Copa do Brasil para ter a esperança de ganharmos algo (como se isso fosse garantia de título). Não me conformo em comemorar Campeonato Mineiro.
Como torcedor, me resta torcer… Não só para que nosso time ganhe suas partidas, mas sim para que nosso Cruzeiro – através de sua diretoria – recupere a vontade de ser campeão, a gana, a ousadia que sempre nos diferenciou.
Que eles percebam que todo time grande PRECISA de um matador, um camisa 9 que faça o adversário tremer. Que precisa de jogadores com IDENTIDADE e HISTÓRIA com a camisa do Cruzeiro.
As derrotas das últimas rodadas não são NADA se comparado com o distanciamento de nossas raízes. Só espero que não precisemos passar pela vergonha de cairmos para uma segunda divisão para mudar nosso rumo. Espero que o exemplo deixado por Corinthians, Palmeiras, Grêmio, Botafogo e outros tantos que visitaram a série B faça com que essa diretoria perceba que algo precisa mudar de rumo na Toca da raposa.
Vamos torcer, meus amigos. Mas peço a todos que não entrem na onda do conformismo. Somos do tamanho de nossa história, o que definitivamente não é pouca coisa. Exijamos, pois, que nossos comandantes tratem nosso time como tal.