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Vaiar ou não vaiar? Eis a questão.

O argentino Montillo é página virada no Cruzeiro. Ou pelo menos era, uma vez que o reencontro do jogador com o Cruzeiro traz novamente a memória toda a ‘lenga-lenga’ da sua saída do clube. 
Alguns chegaram a ter a imbecil ideia de sugerir ‘jogar moedas’ no argentino durante a partida do próximo domingo. Coisa que só quem não é torcedor (ou que pelo menos é desprovido de inteligência) pode fazer, uma vez que o Cruzeiro seria punido com a perda de mando de campo. Outros dizem: ‘mas o cara é profissional, tem o direito de escolher um salário melhor… tem o filho dele, ele precisava pensar no futuro da criança, coisa e tal’. 
Resumindo a celeuma toda, aí está a questão para você, torcedor cruzeirense: vaiar ou não vaiar?
Eu não vou muretar: vaiarei o jogador com todo afinco. 
Para começar, quero dizer que reconheço o ótimo futebol que o camisa 10 praticou aqui no Cruzeiro. Bem como também me emocionei quando ele jogou a Libertadores com o filho passando por cirurgia. Vibrei quando ele era a última sombra de talento naqueles times mocorongos de 2011 e 2012. Cheguei a pensar: “caramba, este camarada é diferenciado”. 
Mas elogiar jogador por dar sangue no campo é como parabenizar político por ser honesto. O cara não faz (ou fez) mais do que a obrigação. Isso deveria ser pré-requisito para qualquer um que um dia teve o privilégio de jogar com nossa camisa estrelada. 
Outra coisa que não me desce é gente querendo comparar o incomparável. O tal argumento ‘mas ele é profissional, a oferta foi melhor’… pipipi, pópopo… 
Oras, quem usa este argumento esquece que o futebol é uma profissão totalmente fora da curva das demais. Isso porque ela é uma profissão sustentada pela PAIXÃO. 
Por que vocês acham que um camarada recebe os rios de dinheiro que recebe para bater uma bolinha, coisa que muitos de nós fazemos por prazer? Porque ele representa a paixão de milhões de torcedores… Audiência na TV, negócios com empresas, publicidade, venda de artigos… Diversos fatores do ‘business’ futebol vem do mesmo lugar: a paixão do torcedor. 
E eu defendo a idéia de que, se é a paixão dos torcedores que movimenta todo este universo, o jogador (não só o Montillo, mas TODOS eles) tem a O-B-R-I-G-A-Ç-Ã-O de respeitar este sentimento. Afinal, sem ele, os jogadores não seriam NADA. 
Por isso não me venham com este argumento da comparação de profissões, que só não é pior que o argumento do ‘olha o filho do cara, ele precisa se tratar’. 
Olha aí mais uma tarefa para o Papa Francisco: canonizar dirigente de futebol. Afinal de contas, para os milagreiros de plantão, a contratação do argentino pelo Santos é o fator que vai curar o filho Montillo. Como se em BH ele deixasse de oferecer os devidos cuidados para a criança. Aliás, convido os desconfiados a fazerem uma visitinha turística na cidade praiana para comparar estruturas. 
Montillo escolheu jogar no Santos para jogar ao lado do Neymar, em um time com virtualmente em condições de vencer, uma vez que naquele momento o Santos era a ‘menina dos olhos’ da mídia. 
Só que a escolha dele foi maior do que isso. Na prática, ele trocou a possibilidade de ser ídolo aqui no Cruzeiro para ser quadjuvante no time da Vila e por um punhado de dinheiro a mais. E digo ‘um punhado’ pois o argentino tinha um plano de carreira e aumentos planejados no Cruzeiro (ao contrário do que os ‘lenga-lenga’ ficam proclamando, ele não passava fome aqui. Ganhava 5 VEZES MAIS do que ganhava na LaU, do Chile). Graças ao futebol apresentado aqui, ele chegou a seleção. 
O fato é que ídolo mesmo Montillo nunca foi no Cruzeiro. Afinal, que ídolo do Cruzeiro você conhece que saiu pelas portas dos fundos? Que ídolo do Cruzeiro você conhece que não tenha ou conquistado títulos conosco, ou passado um anos no clube? Que ídolo do Cruzeiro você conhece que NUNCA jogou pela raposa no Mineirão? 
Ele poderia ser (e com grande possibilidade seria). Mas no lugar disso, saiu sem sequer fazer um pronunciamento para a apaixonada torcida que SEMPRE o apoiou, mesmo quando o futebol dele passou a decair, nos piores momentos, das piores partidas. Era o mínimo que se esperava dele… Mas nem isso. 
Vaio meeeeeesmo. 
E esta vai ser a maior conquista do Montillo com a camisa do Cruzeiro. Afinal, a gente só cobra quem podia dar algo mais ao time, uma pessoa a quem não somos indiferentes. (Não ví ninguém vaiando o Carlinhos Bala e outros bondes que passaram pela Toca quando estes jogaram contra o Cruzeiro. 
Manja aquele ditado: ‘você colhe o que planta’? Hoje eu vejo o Neymar no Barcelona 6 mese depois de convencer o Montillo a ir pra lá, e ao argentino sobrou um time desestruturado, cheio de meninos, sem a mesma verba de antes, torcida cobrando e tudo mais. Mas fico feliz pois ‘craque’ realizou o sonho dele. Quis jogar no mesmo campo que o Neymar e tomou OITO do Barcelona, em um dos capítulos mais vexatórios da história do Santos. 
Agora eu quero saber… E você, caro leitor? Vai vaiar? Vai aplaudir? Vai ser indiferente? 
Seja o que for, só tenho UM APELO A te fazer: NÃO JOGUE MOEDAS NO CAMPO. Se você pensou nisso, guarde este dinheiro e pague o seu Sócio do Futebol. Não puna o nosso time, apoie, torça vibre e pegue no pé do Montillo se este for o seu caso. Mas o mais importante de tudo é estarmos #FechadoComOCruzeiro.

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