Chuta baixo, Cruzeiro!

Ricardinho deixou para Geovanni. Müller o aconselha. Atenção, toma distância, Geovanni correu, bateu, é gol, gol, gol, gol, gol!” Alberto Rodrigues.

Geovanni é derrubado na linha da meia-lua por Rogério Pinheiro, que é expulso. Entre os sete metros e oitocentos centímetros que separavam a bola da barreira que protegia o gol de Rogério Ceni, um placar de um a um e a angústia de oito milhões de cruzeirenses se agarrando aos últimos fios de esperança. “Chuta baixo, chuta baixo!”. Gol do Cruzeiro, Tri-campeão da Copa do Brasil de 2000.

É Nelinho quem tem que bater. Tem que se afastar, tomar posição. […] Adivinhe, adivinhe Joãozinho pelo amor de Deus!” Vilibaldo Alves

Nossas páginas heroicas imortais foram escritas nas entrelinhas. Pela surpresa, impulso. Em lances épicos como a falta cobrada por Joãozinho na Final da Libertadores de 76 e da inteligência de Geovanni em apostar no improvável em 2000, a história cruzeirense cravou sua marca no imaginário futebolístico. Nem mesmo os grandes roteiristas e escritores seriam capazes de tramas recheadas de reviravoltas surpreendentes como o Cruzeiro protagonizou em suas conquistas.

 

Henrique arriscou uma bomba, golaço, golaço, golaço! […] Uma sapatada, que golaço, que golaço!” Osvaldo Reis, o Pequetito.

Amanhã recomeçamos a caminhada pelo Tri. Quis o destino que o adversário fosse novamente o São Paulo, antiga pedra no sapato. Estaremos defronte a uma equipe tradicional, calejada e experiente, assim como o Cruzeiro. Embate com cara e jeito de Libertadores; cinco títulos da competição em campo e história para mais de metro. Jogo de gente grande.

Éverton Ribeiro, entrou na área, é pra fazer, chapeuzinho no zagueiro, bateu, golaço, golaço, golaço, golaço […] A vida imita a arte, a arte imita a vida”. Osvaldo Reis, o Pequetito.

Para o jogo, não contaremos com um novo meia. A diretoria não conseguiu a contratação do armador para o lugar de Éverton Ribeiro – como era de se esperar – e o time é o mesmo da primeira fase, com algumas poucas mudanças. Sendo assim, vamos com o que temos: vontade, raça e o peso da camisa que conquistou duas vezes a América.

Éverton, aos quarenta e cinco minutos. É incaível, é incaível, é incaível, é incaível! O Cruzeiro massacra o arquirrival!” Osvaldo Reis, o Pequetito.

Amanhã teremos a chance de sair na frente pelo sonhado Tri e espantar o mal começo na competição. Que você, Cruzeiro, tenha a audácia de Joãozinho, a precisão de Geovanni, o brilhantismo de Éverton Ribeiro, a confiança de Henrique, a raça e entrega do time que jogou o 6×1. Que você encontre caminho no impensável, no impossível. Acima de tudo, que acredite, como Müller e Geovanni, nas entrelinhas do improvável: chuta baixo, Cruzeiro!

 

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Semana sem jogo é um marasmo.

Semana sem jogo é um marasmo. Semana sem jogo às vésperas das oitavas da Libertadores, então, é um marasmo hiperativo. Enquanto nada acontece em campo, sobra falta de assunto e criatividade fora. Some isso à contratação-relâmpago de um armador que a diretoria tanto busca e pronto: tem início uma verdadeira competição de manchetes especuladoras e tuitadas imprecisas sobre quem vem e quem vai.

A bola da vez é o Ronaldinho, e com o perdão do trocadilho, dessa vez não falo de sua saliência abdominal. Ao que consta, Assis – o maior promovedor de leilões do futebol brasileiro e região, ofereceu o jogador para preencher a vaga de meia no Cruzeiro. Para, vai.

Em condições normais de temperatura e pressão, essa seria uma daquelas contratações para lotar o Mineirão na estreia. Em seus tempos áureos, Ronaldinho fazia a torcida adversária aplaudir de pé. E não era para menos.

Acontece que muita cachaça rolou goela abaixo e ele não é mais o mesmo. Sua falta de vontade era nítida quando voltou para o Brasil numa tentativa de retornar à Seleção antes da Copa. Quem dirá depois de umas temporadas no time de Vespasiano! Sua vida agora é jogar num tal de Querétaro. Que fique por lá.

Outro nome que passou a figurar os noticiários é Lucas Lima. O meia do Santos vem chamando a atenção de muitos times, e não é a primeira vez que o mandatário celeste tenta a contratação. Ao que tudo indica, esse não sai de lá tão cedo. Ele faz parte do plantel do time da baixada e o presidente do clube deixou bem claro (chegou a berrar com os repórteres quando perguntado) que o garoto continua na equipe.

A semana sem jogos se arrasta. E até que nos reencontremos com o Cruzeiro, lidaremos com especulações e boatos plantados daqui e dali. Espero muito que a diretoria feche com um bom meia até segunda, embora o prazo apertado e a falta de opções tornem a tarefa muito complicada. Enquanto nada  acontece, estamos fadados a esperar sentados, roendo as unhas e batendo os pés no chão nesse marasmo hiperativo.

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O futebol tem seus meios.

O futebol tem seus meios de coroar e achincalhar seus personagens. Dos golaços aos frangos são eternizados jogadores e comandantes. Esse método nem sempre faz coro à lógica que rege aqueles que ocupam as arquibancadas, e assim surgem as maiores injustiças, bordões e verdades consumadas que as mesas-redondas e cadernos de esportes perpetuam.

Começamos a semana com uma dor de cabeça a mais. A segunda-feira que prometia ser mais light virou uma caça às bruxas daquelas. Foi o juiz não marcar a falta no Damião, o Gilvan não contratar o meia e o tropeiro do Mineirão aumentar o preço pro Marcelo Oliveira ter o nome figurando os trending topics da cornetagem cruzeirense.

Não tem jeito, no Brasil os técnicos se dividem em gênios e imbecis. E nunca antes na história os termos estiveram tão próximos: a ciência e o Facebook afirmam terem visto o mesmo indivíduo recebendo as duas alcunhas  em menos de uma semana. Eu não duvido.

É difícil seguir um fio de lógica no raciocínio e comportamento da grande maioria que compõe o futebol brasileiro. Aqui, a longevidade de um time se estende até a próxima derrota. O mesmo ocorre com o mérito das conquistas: duram menos na memória de torcedores e dirigentes que queijo “tipo mineiro” fora da geladeira. Marcelo Oliveira que o diga.

É dele o troféu abacaxi. O imbecil bicampeão não conseguiu dar liga nesse time ainda. Quanta incompetência! Em 2013 nosso elenco também foi montado às pressas e deu show; cadê os títulos desse ano? Time bom não precisa de meia, nem de lateral, nem de volante, nem de descanso, nem de Diretor de Futebol, nem de nada. Precisa é de bode expiatório, e o Cruzeiro quase conseguiu um.

Não fosse a vitória e consequente classificação para as oitavas da Libertadores, estaríamos de frente a mais um festival de cornetas soando a todo vapor com direito a posts inflamados nas redes sociais e marmitas voando sobre o para-brisa. Marcelo se safou da culpa aos onze do segundo tempo e por pouco não vira garoto-propaganda do caos cruzeirense. Posto que ele não deveria participar nem do casting, afinal, quem desmanchou o elenco foi o outro senhor de cabelos brancos.

Que as próximas semanas tragam novos ares; tanto para o time quanto para as cabeças de vento do nosso futebol. Por mais que Paulo André tente, ainda falta bom senso para muita gente na hora de apontar culpados. Aos que acham que o pelo do ovo está no dono da prancheta, desejo sorte; àqueles que enxergam as limitações do elenco a as creditam à diretoria: cheguem mais. Tem lugar sobrando na mesa.

(Por: João Pedro)

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Todos os mineiros que tinham que vencer hoje, venceram.

Somente a vitória interessava o Cruzeiro, pois somente ela daria 100% de certeza de classificação. Mas, no fim das contas, nem seria preciso ganhar uma vez que o Mineiros (Ven) bateu o Huracán (Arg). Mas como foi importante vencer hoje.

Primeiramente para dar um pouco mais de paz ao Cruzeiro, principalmente ao M. Oliveira, que dentre todos os componentes desta fase difícil do clube é – de longe – o menos culpado. Mesmo assim, como é comum no futebol brasileiro, muitos torcedores de memória curta chegaram a pedir sua cabeça.

Segundo, para cravar a tradição celeste de nunca ter sido eliminado em uma primeira fase de Libertadores, comprovando que nossa camisa é grande demais.

Sobre o jogo, ficou claro que somente um time veio para jogar bola. Com paciência, porém sem muita técnica, o Cruzeiro dominou o jogo todo, teve muita posse de bola, trocava passes, mas até os 16 minutos de jogo não tinha criado nenhuma chance aguda de gol.

Arrascaeta e William eram os jogadores mais técnicos em um time que, muitas vezes, optava por uma ligação direta ao ataque. Duas das três chances mais agudas da Raposa foram justamente em participações do Bigode. A primeira em bola que o camisa 25 não conseguiu alcançar, depois do cruzamento de Mayke. Depois uma ‘voadora’ que ele também não conseguiu empurrar para as redes. Teve também um lance, tirado em cima da linha, em cruzamento do Arrascaeta.

O primeiro gol a ser comemorado no Mineirão foi o do Mineiros, da e na Venezuela. Mas aos 37, fazendo justiça ao domínio do Cruzeiro e também ao futebol ‘raçudo’ do William, a zaga boliviana cortou mal um cruzamento do Mayke e o Bigode não perdoou. Cruzeiro 1×0.

O Cruzeiro voltou para o segundo tempo com a mesma postura do primeiro. Na Venezuela, o Mineiros já fazia 2×0, o que deu mais tranquilidade tanto para o Cruzeiro quanto para o Univ. Sucre. Poderíamos até encarar a etapa final como um ‘amistoso’, não fosse a deslealdade e despreparo da equipe boliviana que rendeu, entre outras catimbas, um soco no zagueiro Manoel.

O time boliviano, que chegou falando em 80% chances de eliminar o Cruzeiro, tomou mais um coco na cabeça. Em escanteio cobrado por Marquinhos, Leo cabeceou para fazer 2×0.

Com a vantagem no placar, o Cruzeiro passou a jogar com mais confiança e atacou ainda mais. Quase fez o terceiro, em linda jogada individual de Gabriel Xavier. Jogador que, aliás, entrou bem demais na partida.

Fim de papo e vitória de todos os Mineiros hoje. Uma por 2×0, no Mineirão, e outra por 3×0, na Venezuela.

Alguns vão dizer que o Cruzeiro não fez mais que a obrigação, outros que vencer o Universitário Sucre não é parâmetro para nada. Talvez até tenham razão. Mas só de evitar uma crise na Toca e só de preservar a imagem do M. Oliveira, estou mais do que satisfeito.

Ganhamos – pelo menos – mais uma semana de paz. Tempo este que deve servir para recuperar jogadores importantes do nosso elenco, e oportunidade para nossa diretoria refletir e continuar a busca por reforços. De preferencia, aqueles que o M. Oliveira pedir, não aqueles que ele não pedir, ok?

Agora, classificados, a responsabilidade aumenta.

Gostaria de destacar também a percepção que tive (pela TV) da torcida no Mineirão. Não foram muitos para um jogo de Libertadores, mas o que o pessoal cantou – especialmente no início do jogo – foi uma grandeza. É assim que deve ser!

Bem como gostaria de agradecer mais uma vez, a grande presença de público da nossa galera na Sampa Azul. Feriadão, com muitos amigos viajando para suas cidades natais, deu gosto de ver um bom público torcendo conosco.

Força Cruzeiro!

(Por E.M.)

PS. Este comentarista que vos escreve vai sair de férias esta semana. Retorno com as resenhas pós jogo em 20/05.